quinta-feira, 30 de junho de 2011

DHIOGO CAETANO, de Goiás, um talento promissor.



DHIOGO CAETANO,jovem poeta de Uruana, Goiás:
Ao longo desses 13 anos em que participo do Grupo de Poetas Livres, de Florianópolis, SC, tenho recebido muito material de jovens escritores que de uma forma ou de outra souberam da existência do Grupo e pretendem publicar na sua Revista ou em Antologias.
Em Dhiogo Caetano encontrei mais um talento que, sei, fará muito sucesso ainda na literatura brasileira. Dono de um estilo próprio, ele transmite, como todo poeta, o que lhe vai na alma. Repórter do cotidiano, sabe descrever com propriedade os assuntos atuais. Como professora, recomendo um cuidado com as concordâncias gramaticais e bastante leitura, que sei ele já está fazendo pelo que já me apresentou.
Então, Dhiogo Caetano merece um lugar ao sol na literatura brasileira.
Espalha tua mensagem de amor e de fé é o que digo ao jovem escritor e poeta.
Maura Soares
Presidente, desde 2000, do Grupo de Poetas Livres, Florianópolis,SC

terça-feira, 28 de junho de 2011

O poetamigo de Saitama, Japão, Edweine Loureiro, comparece com um poema. Com carinho, apresento.

Foto: Natureza--residência Chico De Nez
Autor:Maura
dezembro 2010

 VERA

Flores.
De quem?
Dela;
Vera,
A bela,
Etérea;
Hera
De muitos amores
E nenhum amor.
Acaso soubera
De meu ocaso
E viera
Na primavera.
Ó Vera,
Não me verás no verão.

Autor: Edweine Loureiro



segunda-feira, 27 de junho de 2011

Edweine Loureiro, poetamigo residente no Japão, apresenta release de obra que trata dos abalos sofridos pelo povo japonês.

Ao fundo, o Cambirela e o Morro do Gigante Adormecido. Orla da beiramar de São José,SC.
O oceano é o Atlântico, mas vale para ilustrar.
Foto: Maura Soares. Câmera Samsung

Lançamento do livro “Frente Al Pacífico”, da escritora espanhola Montserrat Sanz

Por: Edweine Loureiro

Foi lançado, no último dia 21 de Junho,em Segóvia (com lançamento simultâneo em Kobe – Japão) o livro Frente al Pacífico, da Professora e Doutora em Linguística pela Universiadade de Rochester (NY), Montserrat Sanz Yagüe. O livro reúne 12 artigos, também referentes aos trágicos acontecimentos do dia 11 de Março no Japão; onde a autora reside desde 1996. Montserraz Sanz, que é Professora Titular na Universidade de Estudos Estrangeiros em Kobe, apresenta em seu livro profundas reflexões, não somente sobre a tragédia em Iwate e Miyagi, mas também sobre os valores da sociedade japonesa, e a força do povo japonês diante das dificuldades.

E para ilustrar essa força, durante o lançamento do livro, a autora abriu seu discurso fazendo uma menção que muito orgulhou o autor do presente artigo: uma citação do texto Gohan, crônica integrante de meu livro “Clandestinos” (Clube de Autores & AG Book, 2011), e que apresenta a metáfora do arroz cozido como símbolo da união japonesa para vencer adversidades. Leiam o discurso de apresentação, na íntegra, no link abaixo:


Importante ressaltar ainda que a autora está doando os direitos autorais – a exemplo do que ocorreu com Clandestinos na época do lançamento – para as vítimas dos terremotos. Mas, no caso da autora espanhola, a ajuda destina-se especificamente aos sobreviventes da escola Ookawa, localizada na região de Ishinomaki – e que, antes da tragédia, possuía 108 estudantes e 13 professores. Em 11 de março, porém, 74 crianças e 10 professores perderam a vida. E é justamente a esses 37 sobreviventes que os direitos autorais de Frente al Pacífico serão revertidos, principalmente para a compra de materiais escolares.

O livro, que possui ilustrações da Professora de Artes Caligráficas, Tomoko Miyamoto, foi publicado pela editora espanhola Isla del Náufrago e pode ser adquirida, exclusivamente pela internet, no site:

Sobre a Autora:

Nascida em Segóvia em 1966, Montserrat Sanz Yagüe é licenciada em Filologia Inglesa pela Universidade Complutense de Madri e Doutora em Linguística e Ciências do Cérebro e do Conhecimento pela Universidade de Rochester (NY), ocupa uma cátedra na Universidade de Estudos Estrangeiros de Kobe (Japão), onde é professora desde 1996. Seus campos de investigação incluem a Linguística, o Processamento da Linguagem e Aquisição de Segundas Línguas. Dirige uma equipe de investigação pioneira sobre o processo de aprendizado da Língua espanhola pelos japoneses, projeto esse respaldado pelo Ministério da Educação do Japão. Tem publicado vários livros e artigos em revistas internacionais especializadas; além de dar conferências, em Inglês, Espanhol e Japonês, sobre os mais diversos temas sociais.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Este blog é dedicado a Pablo Neruda, porém registro uma homenagem a José Marti (1853-1895) patriota cubano, mas antes de tudo, um poeta. Fundador da literatura hispano-americana e do modernismo na América Latina.Deixou 507 poemas,além de novelas e dramas.


Meus versos vão revoltos…

Meus versos vão revoltos e acesos
como meu coração: bom é que corra
manso o arroio que em fácil plano
entre gramas frescas desliza:
Ai!; mas a água que do monte vem
arrebatada; que por fundas fendas

desce, destroçada; que em sedentos
pedregulhos tropeça, e entre rudes
troncos salta em quebrados borbotões,
Como, despedaçada, poderá logo
qual cão de salão, jorrar submissa
no jardím podado com as flores,
ou em aquário de ouro ondear alegre
para o querer de damas cheirosas?

Inundará o palácio perfumado,
como profanação: entrará como fera
pelos brilhantes gabinetes, onde
os bardos, lindos como abades, fiam
tenras quintilhas  e rimas doces
com agulha de prata em branca seda.
E sobre seus divãs espantadas
as senhoras, os pés de meia suave
recolherão, – enquanto a água turva,
falsa, como tudo o que expira,
beija humilde o chapín  abandonado,
e em bruscos saltos alterada morre!

quintilhas: forma poética de 5 versos
chapín: calçado exótico, típico da nobreza
Y TE BUSQUÉ

Y te busqué  por pueblos,
Y te busqué en las nubes,
Y para hallar tu alma,
Muchos lirios abrí, lirios azules

Y los tristes llorando me dijeron:
-¡Oh, qué dolor tan vivo!
¡Que tu alma ha mucho tiempo que vivía
En un lirio amarillo!-

Mas dime - ¿ cómo ha sido?
¿ Yo mi alma en mi pecho o tenía?
Ayer te he conocido,
Y el alma que aquí tengo no es la mia.
José Marti

Minha homenagem aos imigrantes italianos que ajudam a compor o mosaico de etnias do Estado de Santa Catarina.




ADDIO O ARRIVEDERCI

Nella complessità della vita,
esseri si trovano e rompersi.
Questo è stato il nostro amore.
Ho trovato in te momenti di felicità,
di tenerezza e di sorrisi.
Molti.
Ero troppo felice, non negano,
e ringrazio il cielo per me l'hanno promossa.
Ci sono stati alcuni momenti,
ma erano vale un'eternità.
"Che sia infinito finchè dura"
disse il poeta e ne valeva la pena per noi.
Il destino ci separa ora
come in altri momenti della nostra storia.
Quello che abbiamo fatto in epoche precedenti l'un l'altro,
riflette anche in questo momento.
Amare continuare ad amare noi,
ma separati
nutrire il cuore
febbre della passione che ci ha riuniti.
Insieme non di più.
Come Romeo e Giulietta
--- un amore impossibile di eseguire ---.
Voleva essere la luna a riflettire la tua luce,
legami del passato, ma ci sono ancora
e solo con grande perseveranza,
molto disponibile,
impegno per affrontare gli altri
senza essere attaccato alla materia,
possiamo forse un giorno,
su una nuova traiettoria, ogni più lucido
possiamo, sì,
camminare insieme nella stessa direzione.
Così Amore,
Addio o Arrivederci.
(Maura Soares, em tradução solicitada a Mario Tessari, de Jaguaruna,SC, ao poema "Adeus ou Até Breve", já publicado neste blog)



quinta-feira, 23 de junho de 2011


BEIJOS

Não quero de ti beijos roubados
quero beijos conscientes, ardentes de desejo

Não quero beijos fortuitos
quero beijos longos como se tudo lá fora não existisse

Não quero beijos chorosos
quero beijos carinhosos com sabor do doce mel

Não quero beijos apressados
quero beijos prolongados até o dia clarear

Não quero beijos tristonhos
quero beijos risonhos pra acordar de bom humor

Quero beijos em meu colo, nos meus ombros,
nos meus braços, nas minhas mãos
e inteiramente em todo o meu ser

Quero beijos onde jamais fui beijada
quero sentir-me toda molhada
e ficar extasiada
com o delicioso sabor dos beijos teus.

Aos 21 de agosto de 2010 – 16.55 – sábado

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Amiga poetisa Carmo Vasconcelos, de Portugal, nos brinda com o Dueto "Erótico",com o poetamigo Humberto Rodrigues Neto.



DUETO “ERÓTICO”
CARMO VASCONCELOS, Portugal,
e HUMBERTO RODRIGUES NETO, São Paulo, Brasil

ERÓTICO

Sei que no sono voa a alma a libertar
Aprisionados sonhos e ocultos desejos,
E nesse etéreo esvoaçar vão meus ensejos
Ao teu encontro para ter-te e te abraçar!

No leito jaz meu langue corpo sem sentidos
Mas Eros, pelo mar, já minh´alma levou,
E na tua cama, enlouquecida, me deitou,
E nos possuímos, na volúpia os dois unidos!

A noite traz-te a mim, inteiro, como anseio,
Posso palpar, até, tuas veias fervescentes
Ao roçar d´avidas mãos nesse amar sem freio...

E fervem sangue e bocas em beijos ardentes,
Vãos e membros se encaixam, sem rodeio,
E ao despertar, o sonho esfaz-se em sucos quentes!
CARMO VASCONCELOS
Portugal
14 de fevereiro de 2008

***

ERÓTICO

Durante o sonho a minh´alma  pressente
o quão sensual é a minha fantasia...
e ao leito traz-me a doce companhia
de ti a quem amo apaixonadamente.

Naquele desvario da ousada mente,
árduas paixões o amor nos propicia...
é o beijo infrene, a mão que acaricia
cada cantinho oculto ou aparente!

Em ais te descabelas... gemes alto...
tua cidadela tomo então de assalto,
infenso, da moral, aos vãos conselhos...

E já do orgasmo no extremo estertor,
deliras ao sentir o mel do amor
jorrando em teus vestíbulos vermelhos!
HUMBERTO RODRIGUES NETO
São Paulo, Brasil
26 de maio de 2011



terça-feira, 21 de junho de 2011

A dor que mais dói é a dor da despedida, podem ter certeza.


AH, SE SOUBESSES!

Ah, se soubesses como dói a dor da despedida,
nem começarias a me dizer adeus.
O coração dispara,
os sentidos se embotam
e a saudade toma conta.
Vem à tona a lembrança das horas
em que passamos juntos.
A mão na mão, o abraço apertado, os beijos saborosos
o sexo como nunca havia acontecido...
As promessas que me farás de retorno aos meus braços
sei que não se concretizarão, mas há a esperança.
Ah, se soubesses como lágrimas furtivas
caem nas minhas faces ao ver-te caminhando
ao teu novo destino...
Só quem ama muito
pode sentir essa tristeza.
Os momentos felizes ficarão na lembrança;
poderei então sonhar com eles todas as noites;
verei teu olhar em todos os olhares;
ouvirei  tua voz em meus sentidos a me dizer palavras de carinho,
de amor, de desejo e ficarei novamente só à espera,
quem sabe, de novo encontro.
Maura Soares, aos 17 de maio de 2011, 17.16h
(foto árvores na Lagoa da Conceição, minha autoria)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O mar sempre me inspira. Numa das minhas caminhadas o texto foi sendo construido e à tarde, concluido.




UM OLHAR ALÉM DA PAISAGEM

Tão absorto estava em seus pensamentos, que a exuberante paisagem marítima que estava à sua frente, não lhe chamava a atenção.
Naquele dia seu mundo havia desmoronado. Jamais poderia supor que o objeto de seu amor, aquele pelo qual havia dedicado 10 anos de sua vida, havia ido embora.
O mar no seu vai e vem, meio que o adormeceu. Saiu do carro e resolveu sentar-se na areia úmida. Seu olhar dirigiu-se ao infinito, mas a beleza da tarde com o pôr-do-sol após dias de intensa chuva como a lhe convidar, não o interessou de momento.
Apanhou um punhado de areia e  o fez escorrer entre os dedos.
Observando os grãos a se dissiparem no solo, ele refletiu sobre a efemeridade da vida. Tanta alegria, tantas horas deliciosas acabarem-se num piscar de olhos.
Não veria mais aqueles olhos fitos nele após a noite de amor. Será que era mesmo amor? questiona-se agora.
Quem ama não vai embora; quem ama não faz o ser amado sofrer.
Risos. Acorda de seu devaneio e observa crianças fazendo castelos de areia. Como é bom ser criança, sem preocupações, sem cuidados, só risos e festas, pensou.
Por um momento, um breve momento observa aquelas duas criaturinhas a molhar a areia para melhor fixar o castelo.
Um momento, só um breve momento. Logo seus pensamentos voltaram-se para a sua infinita tristeza.
Levantou-se, sacudiu a areia da roupa, tirou os sapatos e meias e resolveu caminhar descalço pela areia molhada. O frio da areia tirou-lhe da divagação.
Não soube precisar quanto tempo ficou a caminhar. Em dado momento, lembrou-se que teria que fazer o trajeto de volta até seu carro, mas não se importou, pois seria um bom exercício. Talvez só assim ficasse com o corpo dolorido e não se preocuparia tanto.
A tarde descia. O sol avermelhado já mostrava seus raios no horizonte.
No retorno chegou ao carro, sacudiu a areia e entrou no veículo para a viagem de regresso ao lar que não mais existia.
Deu um último olhar para o oceano e se deu conta que o belo dia estava terminando, mas que ele, atento só ao seu sofrimento, havia olhado somente além da paisagem.

Maura Soares
17 de outubro de 2008, 14.50h, horário de Brasília
foto de minha autoria

terça-feira, 14 de junho de 2011

Publiquei o relatório do concurso, agora as minhas considerações.

MUITOS OS ENVOLVIDOS,
POUCOS OS ESCOLHIDOS

            Quando um grupo de poetas lança na internet um concurso de poesia e apregoa um tema, dando um prazo reduzido para que os internautas participem, embora o tempo reduzido, muita coisa boa é produzida e enviada.
            Estou no Grupo de Poetas Livres quase desde sua fundação em 1998. O GPL foi fundado em 13 de abril de 1998 e eu ingressei, assim, meio que não querendo, dia 17 de junho de 1998, com a ficha cadastral 033. E lá estou até hoje, desde 2000 exercendo as atividades de presidente de um grupo que para muitos e para mim também, funciona como uma família, com a matriarca a tentar disciplinar os poetas tão indisciplinados quanto poetas!
            Agora, em 2011, iniciei mais um concurso on-line, com tema inspirado em texto de um membro do grupo, Neomar Júnior, intitulado “A Casa Caiu”.
            A expressão tem conotações diferenciadas e cada poeta a interpretou à sua maneira.
            O que não foi dito no relatório, já no site do grupo, digo aqui. Recebi, pois veio por um email que fiz para isso dada a dificuldade de acontecer pelo site, poetas de cidades que não sabia que existiam no Brasil. Essa diversidade é que me encanta. Um poeta de Saitama, Japão, e uma poetisa de Paris, França, entre os participantes. Ambos brasileiros. Desta vez não recebemos argentinos, talvez por não estarem no Orkut, que o nosso Mané da Ilha diz “iogurte”.
            Pois bem muitos os envolvidos, poucos os classificados, mas que incentivo a não desistirem. De minha parte já participei de vários concursos e tive a satisfação de receber, somente em um, o prêmio de 1º. Lugar com o poema “Sete Gotas”, no concurso nacional Geraldo Luz de Poesia, instituído pela Academia de Letras Blumenauense, em 2000 e àquela cidade amiga, fui receber meu troféu de cristal, fabricado na Companhia Hering de Cristais (num comercial gratuito por ser empresa catarinense!). Delicado, guardado a sete chaves! Nos outros, só certificado de participação que guardo em meus alfarrábios.
            Pois bem, toda esta digressão é para dizer que fiquei particularmente muito feliz e também com a presença em minha casa dos associados do GPL que sempre me ajudam a julgar as poesias, utilizando a “Prece de um Juiz”, do juiz-acadêmico João Alfredo Medeiros Vieira que em um trecho diz assim
                        (...)“Que o meu veredicto não seja o anátema candente e sim a mensagem que regenera, a voz que conforta, a luz que clareia, a água que            purifica, a semente que germina, a flor que nasce no azedume do coração     humano. Que a minha sentença possa levar consolo ao atribulado e alento ao            perseguido. Que ela possa enxugar as lágrimas da viúva e o pranto dos órfãos.       E quando diante da cátedra em que me assento desfilarem os andrajosos, os           miseráveis, os párias sem fé e sem esperança nos homens, espezinhados,             escorraçados, pisoteados e cujas bocas salivam sem ter pão e cujos rostos são lavados nas lágrimas da dor da humilhação e do desprezo, AJUDA-ME,       SENHOR, a saciar a sua fome e sede de Justiça.”
                        (...)
                        “AJUDA-ME, SENHOR! Quando me atormentar a dúvida, ilumina o meu espírito, quando eu vacilar, alenta a minha alma, quando eu esmorecer,       conforta-me, quando eu tropeçar, ampara-me.”
                        “E QUANDO UM DIA finalmente eu sucumbir e então como réu         comparecer à            Tua Augusta Presença, para o eterno Juízo, olha compassivo            para mim.”
                        “Dita, Senhor, a Tua sentença.”
                        “Julga-me como um Deus.”
                        “Eu julguei como homem.”

            Assim, Neomar Júnior, eu, Eunice Tavares e Licinho Campos, procuramos usar esta prece e nos colocar no coração de cada poeta para bem julgar, com a convicção de que todos são bons, porém num concurso “poucos são os escolhidos”.
            Assim, entre os escolhidos, em terceiro lugar, faceiro da vida, está o Edweine Loureiro da Silva, natural de Manaus, mas residindo em Saitama, Tokyo, Japão, com o seu certificado que enviei por email e ele compôs muito bem. A foto está ao lado.    Ele e sua amada Nao Yamada compartilham da nossa alegria.
            Que venham outros poetas, sobretudo porque “não basta ser poeta, tem que participar”, tanto que eu também não desisto e continuo participando de concursos, um dia também serei contemplada novamente.
            E isto faz um bem!!
            Maura Soares, aos 12 de junho de 2011.

A propósito de concurso on-line de poesia, em que surgem poetas dos quatro cantos e nos alegram com suas presenças.

A CASA CAIU
SEXTO CONCURSO ON-LINE DO GRUPO DE POETAS LIVRES
RELATÓRIO

            Desde a fundação do Grupo de Poetas Livres, em 1998, tem-se procurado realizar concursos numa forma de revelar os talentos que estão por aí, muitas vezes, sem publicação.
            Como o Grupo promove e publica os vencedores, estes de uma forma ou de outra estão tendo visibilidade com suas produções.
            Na publicação do GPL, a Revista Ventos do Sul que já está no seu número 36, publicará os poemas vencedores dos três concursos deste primeiro semestre de 2011: dois do Projeto “Liberte-se...nas Asas da Poesia”: um com o Presídio Regional de Tijucas, na 7ª. edição e o 1º. com o Complexo Penitenciário de Florianópolis. Este Projeto é destinado única e exclusivamente para os internos dos presídios.
            O Concurso, objeto deste Relatório, feito através da Internet, já utilizou outros temas como “Guerra e Paz”; “Água, fonte de vida”;  “A Paz na minha aldeia”; “Uma história de Amor – em tempo de Paz”; “Trovas ou Quadras  - Maria da Anunciação Pereira”;  e outros promovidos com os colégios, rádios e padarias da Capital e da Grande Florianópolis, com  temas os mais diversos, procurando exercitar a capacidade dos participantes e tem recebendo boas obras em todas as edições.
            Neste concurso com o tema A CASA CAIU, cuja expressão é muito usada no jargão policial, a presidente inspirou-se em texto escrito por um dos associados do Grupo, Neomar N. B. Cezar Júnior e o tem como padrinho e participante da comissão avaliadora.
            É muito difícil julgar trabalhos de outras pessoas, sobretudo na área em que se milita. Em todas as reuniões de avaliação de poemas invocamos trecho de autoria do Juiz de Direito, aposentado, e acadêmico da Academia Catarinense de Letras, João Alfredo Medeiros Vieira, de família tradicional de Florianópolis com o título -  “A Prece de um Juiz”, traduzida em mais de 40 idiomas, da qual extraímos o seguinte texto e o lemos antes de analisar os trabalhos dos concursos:

(...)“Que o meu veredicto não seja o anátema candente e sim a mensagem que regenera, a voz que conforta, a luz que clareia, a água que purifica, a semente que germina, a flor que nasce no azedume do coração humano. Que a minha sentença possa levar consolo ao atribulado e alento ao perseguido. Que ela possa enxugar as lágrimas da viúva e o pranto dos órfãos. E quando diante da cátedra em que me assento desfilarem os andrajosos, os miseráveis, os párias sem fé e sem esperança nos homens, espezinhados, escorraçados, pisoteados e cujas bocas salivam sem ter pão e cujos rostos são lavados nas lágrimas da dor da humilhação e do desprezo, AJUDA-ME, SENHOR, a saciar a sua fome e sede de Justiça.”
(...)
“AJUDA-ME, SENHOR! Quando me atormentar a dúvida, ilumina o meu espírito, quando eu vacilar, alenta a minha alma, quando eu esmorecer, conforta-me, quando eu tropeçar, ampara-me.”
“E QUANDO UM DIA finalmente eu sucumbir e então como réu comparecer à Tua Augusta Presença, para o eterno Juízo, olha compassivo para mim.”
“Dita, Senhor, a Tua sentença.”
“Julga-me como um Deus.”
“Eu julguei como homem.”

            E julgando como homens, passíveis de erro, a Comissão Avaliadora do 6º Concurso On-Line “A Casa Caiu”, formada por Eunice Leite da Silva Tavares, Licinho Campos, Maura Soares e Neomar Narciso Borges Cezar Júnior recebeu 45 (quarenta e cinco) participantes com 62(sessenta e dois) textos entre poesias e pequenos contos.
            O Concurso foi veiculado na internet de 01 a 31 de maio de 2011.
            Ficaram como finalistas os seguintes internautas: Marta Trevisol:“Sobrevivência”; Nathalia da Cruz Wigg: “A casa era amarela”; Robson Soda: “O aprendiz”; Edson Luiz Maurici: “Morro do Lamento”; Anizio Oliveira Amorim: “A casa caiu”; André Telucazu Kondo: “Alicerce”; Cristina dos Santos Gusmão: “Alma lavada”; Antonio Kachuki: “Andarilho”; Amélia Marcionila Raposo da Luz: “A casa caiu”; Sofia Barão: “Nos arredores do coração”; Geraldo Trombin: “Cisma sísmica”; Marcelo Maio Coelho: “Outono”; Paulo Franco: “O ruir das horas”;  Maria Teresinha Debatin: “A casa caiu”; Ana Esther Balbão Pithan: “Antes que a Terra caia...”; Sebastião Bonifácio Junior: “Refúgio”; Perpétua Amorim: “Ruínas”; Maria Valéria Revoredo: “Correnteza”; Edweine Loureiro da Silva: “Terremoto”.

CLASSIFICADOS:
1º. Lugar: PERPÉTUA AMORIM, São Paulo
RUINAS

Quase nada restou do branco caiado
Nas fortes paredes do velho sobrado
Nas rachaduras expostas:
(feridas do tempo)
Crescem avencas e teias de aranhas
Brotam suspiros, vermelhos  e azuis
Os musgos avançam rumo ao telhado.

Subindo as paredes do antigo sobrado
O vento reclama através das janelas
Gemidos se libertam das pedras frias
No assoalho solto, ouvem-se os passos
Da dança ritmada com melodia
Dos risos alegres, dos beijos ardentes
Da vida que há tempos, ali existia.

Quase nada restou do sótão esquecido
Prisão dos meus medos
Ainda hoje, vejo no que restou da janela
Uma moça tristonha, chamada Maria.
Quase nada restou do velho sobrado.
A não ser minhas fantasias.
(Perpétua Amorim)

2º. Lugar: MARIA VALÉRIA REVOREDO, São Paulo
CORRENTEZA

De repente tudo se vê com lágrimas nos olhos
E tudo se mostra bem maior do que supomos
O nada se parece com o vazio do que perdemos
E a dor é morte, e desaba tudo o que criamos

A boca cala – estarrecida –
Cada palavra que não se explica
E que se vai n´água das chuvas

E tudo o que podemos
É correr... Buscar a Fonte
E – no dizer da própria pele –
Nos expressar sentidos
Pedir misericórdia

Porque a casa cai como se desmancha um laço de fita
Mas a esperança...Ah! A esperança!
Esta sempre fica.
(Maria Valéria Revoredo)

3º. Lugar: EDWEINE LOUREIRO DA SILVA – Saitama – Japão
TERREMOTO

Furiosa,
Ó Terra,
Tremes.

(Temo!)

Faminta, devoras.

Forte, ignoras.

Fatal, apavoras.

Até que te acalmas.
E, em meio a gritos,
Vultos e lutos,
Leva almas
Para teu seio.

(Receio!)

Pois sei
Que, uma vez mais,
Despertarás.

Presenteando ao Mar
O que restou de meu lar.
(Edweine Loureiro da Silva)

MENÇÃO HONROSA: PAULO FRANCO, São Paulo
O RUIR DAS HORAS

Na lembrança, qual um palco imaginário,
o cenário de coisas que vivi,
algumas pessoas, cães, carinhos que não foram percebidos
por entre as metáforas não entendidas
enquanto a vida era apenas uma ordem.

Na desordem da natureza do tempo que nos deteriora,
perdemo-nos um pouco a cada instante
e ainda à caça da felicidade para um futuro distante
sem vermos que não vemos nem mesmo o momento seguinte.

A casa a ruir abriga-nos dos sonhos que detemos
em cada quarto que nos prende
a render-nos às nossas verdades e imaginários
e em cada um a quarta parede cai
desvendando um cenário de expectativas
desperdiçadas no que não sentimos no agora
que se esvai
como se fosse a lembrança
daquilo que jamais existiu.
(Paulo Franco)

MENÇÃO HONROSA: ANDRÉ TELUCAZU KONDO, São Paulo
ALICERCE

palavras desmoronadas
verbos destelhados
artigos caídos
adjetivos estilhaçados
espalhados pelo chão de substantivos
nada mais faz sentido
ante o tsunami de traições e mentiras
a casa caiu
arrastada pela ilusão 

sobrou apenas o alicerce
sobre o qual são erguidos sonhos
que depois são levados
pelas expectativas humanas
efêmeras construções do homem: paixões 

a casa caiu
restou o lar
restou o alicerce
...só restou o amor.
(André Telucazu Kondo)

MENÇÃO HONROSA: NATHALIA DA CRUZ WIGG, Rio de Janeiro
A CASA ERA AMARELA

Cinzas de sonhos se espalham
Nos olhares vagos das crianças
Que brincavam no quintal

As bonecas estão amputadas
Os carrinhos, sem rodas
O Natal, sem presente

A casa caiu depois da enchente

A terra soterra quando a água castiga
A água castiga os que punem a Terra?
Mas eram só crianças em suas primaveras
A natureza está em guerra, na Terra, na serra
Enquanto a dor berra diante das cinzas

A mãe não sabe onde jogar as cinzas
Sombras vagam
Sonhos não acordam mais
Descansam em paz

Decidiu fazer uma ampulheta
Cuja areia será feita de restos mortais
(Nathalia Wigg)

            Cidades dos internautas que participaram do Concurso “A casa caiu”: Ilha do Governador,RJ; Saitama, Japão; São Paulo,SP; Franca,SP; Florianópolis,SC; Ribeirão Pires,SP; Caraguatatuba,SP; Pirapetinga,MG; Rio de Janeiro,RJ; Paris, França; Americana,SP; Brasília, DF; São José, SC; Muriaé, MG; Balneário Camboriú, SC; Rio de Janeiro, RJ; Uruana,GO; Assis, SP; São José dos Campos, SP; Mongaguá, SP; Betim, MG; Frederico Westphalen, RS; Santo André, SP; Santo Amaro da Imperatriz,SC; São Paulo,SP; sem identificação de cidade o internauta Marcelo Coronato; Pato Branco,PR; Campo Grande,MS; São Pedro da Aldeia,RJ; Blumenau,SC; Paris, França; Paranaguá,PR; Pirapora, MG e Santa Cruz do Sul, RS.          
            A Comissão Avaliadora agradece a todos os internautas que prestigiaram o presente Concurso, desejando que continuem participando podendo, quem sabe os que não foram contemplados desta vez,  serem em futuro próximo, pois o Grupo de Poetas Livres no seu objetivo deseja apenas DIFUNDIR A POESIA E FAZER AMIGOS.

Este o Relatório.

Florianópolis, 06 e 07 de junho de 2011
Maura Soares – presidente do GPL
Em nome da Comissão.